Desigualdade. Envelhecimento. Desemprego. Desumanização. Pandemias. Autocracias. Esgotamento de recursos. Alterações climáticas. Estes são os “oito desafios extremos da humanidade” identificados por Filipe Almeida, presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social, na sua intervenção no evento Fidelidade Comunidade.
Como destacou Filipe Almeida, “o nosso futuro comum vai depender da forma como vamos conseguir responder a estes desafios”. Neste contexto, “as respostas existentes são insuficientes e torna-se necessário o recurso a muito mais inovação social”. Porque, na sua perspetiva, “a inovação social é sobretudo inovação de impacto”. Ou seja, “é inovação que é mais capaz de provocar uma mudança positiva na vida das pessoas, através de ações concretas, mensuráveis e duradouras”, afirma.
A inovação social não é uma moda, é um imperativo de salvação coletiva, vida a vida, ideia a ideia, projeto a projeto.
Portugal pioneiro
Na perspetiva de Filipe Almeida, o desenvolvimento da inovação social é igualmente importante em Portugal, dada a dimensão dos desafios sociais que o país enfrenta, nomeadamente com níveis elevados de pobreza e envelhecimento, com problemas de isolamento social e de saúde (inclusive de saúde mental). Deste ponto de vista, o presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social salientou a importância do pioneirismo de Portugal “ao desenvolver o primeiro programa de política pública, que mobiliza fundos europeus para promover a inovação social, financiando projetos, mas acompanhado por investidores sociais – públicos e privados – para experimentar soluções novas para problemas sociais”.
Para Filipe Almeida, “é nesta zona de fronteira entre setores, profissões, gerações, conhecimentos e ideias que está a inovação social. Que não é uma moda, é um imperativo de salvação coletiva, vida a vida, ideia a ideia, projeto a projeto.”
Os atuais inovadores sociais são importantes não apenas pelas respostas que experimentam para estes desafios sociais, mas pelas perguntas que fazem sobre os problemas sociais que existem.
Mudanças positivas
A aposta na inovação aumenta o impacto e cria novas soluções para problemas sociais. Estamos a falar “de inovação capaz de mudar a vida das pessoas nas dimensões da autonomia, do desenvolvimento pessoal, da qualidade de vida, mas também do alargamento da sua rede afetiva, da sua rede social, do acesso a recursos, do acesso a cuidados, à participação cívica, e à cidadania ativa”, refere o responsável. Mas principalmente “capaz de gerar uma mudança positiva numa dimensão que se vai esquecendo, mas que é fundamental, que é permitir que cada pessoa, independentemente das suas circunstâncias, do seu contexto social, possa desenvolver um projeto de vida significativo”, conclui.
300 pessoas presentes
9 projetos vencedores na quinta edição
83 projetos apoiados desde 2017
80 organizações sociais no Encontro Fidelidade Comunidade
Nova inovação social
Com este objetivo, no século XXI emergiu um novo tipo de inovação social de resposta a problemas sociais que, observa, “tem uma abordagem mais transdisciplinar, baseada em projetos experimentais”. Esta inovação social, segundo Filipe Almeida”, faz emergir o empreendedorismo social através de parcerias intersectoriais, em que se chama o setor privado para financiar, e o setor público para priorizar e dar escala, e onde se prioriza também a cocriação, não só no diagnóstico das necessidades e dos problemas, mas também no desenho das soluções”.
Para este responsável, “os atuais inovadores sociais são importantes não apenas pelas respostas que experimentam para estes desafios sociais, mas pelas perguntas que fazem sobre os problemas sociais que existem”. E, explica, “o resultado pode ser o desenvolvimento e implementação de um novo produto, de um novo serviço, de uma nova metodologia ou de uma nova prática que visa gerar um impacto social positivo”. E este impacto social positivo pode ser agregado em três grandes categorias: “Promoção da autonomia, combate à desigualdade, e fortalecimento das relações sociais”, idealmente, “com efeito sistémico”.
Organizações no evento: das fitas coloridas aos sacos de bolachas
A Fidelidade envolveu a sua comunidade e o setor social neste evento também através de “um esforço calculado e consequente para que o máximo de serviços e produtos utilizados neste evento fossem fornecidos por organizações sociais”, sublinhou Mário São Vicente, diretor de Relações Institucionais e Responsabilidade Social da Fidelidade.Um bom exemplo foi o envolvimento do Projeto (Re)Veste, do Centro Social do Soutelo, que integra jovens e adultos portadores de deficiência e/ou doença mental, através de atividades como a recuperação e transformação de roupas e tecidos, nomeadamente de salvados de clientes Fidelidade. Foi deste projeto que nasceram as belíssimas fitas de pescoço usadas neste evento. De referir também o envolvimento da Associação Crescer (inclusão social de pessoas em situação de vulnerabilidade) na confeção do coffee break, almoço e cocktail.
O saco do evento é da Associação PER11 (integração de crianças e jovens) e da Bandim (integração de migrantes), e as bolachas de oferta são do Café Joyeux (integração de pessoas com deficiência). A Academia do Johnson (integração de crianças e jovens) juntou tudo nos sacos. E a Agência Manicómio foi o parceiro da Fidelidade para a organização e planeamento deste evento.
Para mais informações, visite premio.fidelidadecomunidade.pt.