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O futuro é uma emergência

Painel de especialistas projetou-se para 2050. Aceleração da mudança é a única certeza. Os desafios são exigentes para o setor social.

O primeiro painel de debate da manhã do Encontro Fidelidade Comunidade desenhou um mundo de possibilidades de futuro, algumas delas bastante inquietantes. E confrontou os presentes com a previsível aceleração da mudança e a possibilidade de algumas mudanças de paradigma para a humanidade, e para o setor social, já no curto e médio prazo.

Com o tema ”A Organização Social em 2050: desenhando futuros e possibilidades”, a Fidelidade juntou em palco Inês Alexandre, diretora executiva do IES Social Business School, presidente da Lidera e co-fundadora do coletivo Matéria; Ricardo Zózimo, professor auxiliar de gestão na Nova SBE, com investigação na gestão pelas organizações dos objetivos de desenvolvimento sustentável, e Rita Valadas, Presidente da Cáritas Portuguesa.

Imaginar 2050

Lançado o desafio, pelo moderador, para imaginar o mundo e o setor social em 2050, das intervenções dos participantes resultou a conclusão de que grandes mudanças nos esperam e que as certezas são poucas, dado o ritmo das transformações em curso, nomeadamente em termos tecnológicos.

Para Inês Alexandre, se alguns dos problemas atuais podem desparecer ou tornarem-se irreconhecíveis por força da transformação tecnológica, os desafios não serão menores para as pessoas, dada a aceleração da mudança.

Na sua perspetiva, “o desafio será acompanhar a transformação das problemáticas sociais. Precisamos, não só de preparar as organizações com processos e metodologias adequados à transformação constante, como evoluir individualmente para conseguir lidar com as emergências e dar resposta a esta aceleração”.

Foco nas pessoas

A mesma incerteza afeta a perspetiva de Rita Valadas: “O que hoje é verdade, amanhã já não é. Por isso temos de ter presente esta incerteza. Em 2050 vamos ter muitas coisas que podemos ou não antecipar”. Para a Presidente da Cáritas, há, no entanto, uma certeza para o setor social: “O foco continuará a ser as pessoas. A inovação não é criada pelas máquinas, mas sim pelas pessoas. A nossa consciência é insubstituível e é o que nos salva”.

Mas para Ricardo Zózimo, nem isso é certo. O professor antecipou um cenário – que chamou de “transumanismo” – em que o significado de ser humano já se alterou por via da fusão entre máquina e homem. O que tanto pode gerar cenários absolutamente distópicos, como eliminar categorias inteiras de problemas sociais. Ou as duas coisas.

Transparência, coragem, emergência

Segundo Ricardo Zózimo, “para lidar com alterações desta magnitude, as organizações sociais terão de aprender com as empresas e fazer grandes consórcios capazes de gerir grandes mudanças”. Na dimensão organizacional e pessoal, para o professor da NOVA SBE, para lidar com o futuro serão necessárias três competências-chave: transparência, coragem, e capacidade de estar permanentemente ligado em modo de emergência.

Em declarações à margem do evento, Inês Alexandre identificou, na sequência do painel, duas problemáticas para o setor social. Em primeiro lugar, se categorias inteiras de organizações e funções vão deixar de ser necessárias. Em segundo, como é que as organizações e pessoas se podem manter relevantes neste futuro em que a emergência é uma constante. Para esta responsável, “um ponto importante de reflexão é como é que se treinam as pessoas para se adaptarem à emergência”.

Na sua perspetiva, de imediato, “é cada vez mais importante as equipas se auto dotarem da capacidade de reflexão sobre onde é que nós estamos e para onde estamos a caminhar, tendo em conta o futuro”.