O segundo painel da manhã do Encontro Comunidade Fidelidade debateu os caminhos que podem levar ao sucesso e ao futuro de uma organização social. No debate participaram Sandro Resende, artista plástico e fundador do Manicómio, Marta Albuquerque, vice-presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social 2030, e Margarida Couto, sócia fundadora e diretora executiva da Fundação Vasco Vieira de Almeida, com extenso currículo na área de voluntariado e direção de organizações sem fins lucrativos. Com a moderação do jornalista Luis Castro.
O ponto de partida foi a convicção partilhada pelos intervenientes de que o setor social tem muito futuro – até porque existirão sempre problemas sociais – e que atravessa um momento de grande transformação, de procura de inovação, de abertura, de criação de soluções para problemas que crescem em complexidade.
Para Margarida Couto, “no final do dia, o sucesso será das organizações que forem mais adaptáveis, e que tiverem mais capacidade para, continuamente, se virarem para o futuro. São estas que vão ter
sucesso, ou seja, que vão contribuir mais para resolver os problemas sociais”. Neste contexto, “a adoção da inovação social veio trazer novos horizontes e novas abordagens a esta área. O setor tem evoluído muito, tem-se capacitado, colabora mais, e está mais aberto a novas soluções e a novos intervenientes”.
Abertura é fundamental
Nesta linha de defesa da abertura do setor à inovação, também Marta Albuquerque afirma que “uma organização social terá muito mais condições para sobreviver se de facto juntar outras experiências aquilo que é a sua resposta tradicional”. E nesse aspeto, a inovação, “pode funcionar aqui como motor para uma maior sustentabilidade e, de alguma forma, uma melhor intervenção e uma melhor organização dos recursos”, defende a vice-presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social 2030.
A colaboração e as parcerias são também essenciais. Para Marta Albuquerque, “as parcerias entre organizações, com investidores, com entidades públicas, podem ajudar a definir um projeto de sucesso e, sobretudo, um projeto com maior impacto na resolução dos problemas sociais”.
Para além do social
Para Sandro Resende, essa mudança do setor deve passar também precisamente por olhar para além do social. Segundo o artista e empreendedor social, “deveríamos ultrapassar a palavra “social”, e olhar mais para o humano”. E explicou porquê: “as instituições que desejam trabalhar com um propósito humano devem olhar para o todo da pessoa, e não só e apenas para o problema, sabendo que é extremamente importante trabalhar as necessidades mais prementes da pessoa”.
No entanto, para este responsável, é claro que “estamos num processo de transformação profunda, com um número crescente de instituições a procurarem inovar, a reforçar as suas bases para alcançarem uma maior sustentabilidade social”. Isto, “seja na vertente económica, financeira e, acima de tudo, humana”.
Parcerias necessárias
Neste processo de transformação, as parcerias com empresas e investidores assumem uma importância crescente. Para Marta Albuquerque, responsável da Missão Portugal Inovação Social 2030, “este ecossistema de inovação social prospera exatamente através dessas parcerias virtuosas que se vão estabelecendo”. Como explicou, “a ideia ou o projeto nasce na comunidade, na sociedade civil, mas facilmente se juntam também outros parceiros, designadamente investidores sociais, que cada vez mais estão despertos para a necessidade de contribuir também para o bem comum e para a melhoria e para o bem-estar das pessoas”.
Proximidade com investidores
Para Marta Albuquerque, “estamos a ver uma adesão crescente do setor a este ecossistema de investimento social, de investimento de impacto, com acompanhamento de proximidade nos projetos”. E isso, refere, “é uma mudança que tem ocorrido nos últimos anos, que é esta proximidade que os próprios investidores sociais sentem para com os projetos”. Também Margarida Couto observa a mesma evolução, relacionando isso não só com uma lógica de responsabilidade, mas também com uma lógica de retorno, de legitimação da atividade de negócio das empresas.
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