Todos os dias, três carrinhas asseguram o transporte de idosos num raio de 50 quilómetros para participarem nas atividades do Centro de Dia da Casa São José, uma instituição particular de solidariedade social em Câmara de Lobos, o segundo concelho mais populoso da Madeira.
Famílias em situação de maior vulnerabilidade recorrem à Loja Social para cabazes alimentares através do programa +Solidário; homens e mulheres frequentam o ginásio criado com o Prémio Fidelidade Comunidade; e pessoas com deficiência intelectual recebem formação no CêCafé para trabalhar na restauração. O quotidiano é de movimento constante, mas sempre com alegria.
“Existimos para dar vida”, diz Adílio Câmara, 44 anos, um gestor “fora da caixa”. A instituição criou um modelo próprio de economia circular: empadas feitas com frango doado e vendidas à comunidade, microempresa de catering para eventos e Loja Social com roupa a preços simbólicos. “Temos de gerar os nossos próprios fundos para não dependermos só do Estado.”
O padre Marcos Pinto, 48 anos, é outro grande mobilizador da comunidade e impulsionador dos projetos de expansão.
Ao lado da sede está a nascer uma nova obra: cinco apartamentos de transição para sem-abrigo, com atelier e lavandaria social, financiados maioritariamente pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “O que irá nascer aqui será um polo de transição para os nossos sem-abrigo”, explica Adílio, orgulhoso.
No Espaço de Apoio Social, criado em setembro de 2023, há uma primeira resposta para esta população. “Apoiamos atualmente 26 pessoas em situação de sem-abrigo. Oferecemos refeições, banho e higienização de roupa”, refere a psicóloga Célia Andrade.
O bem-estar como prioridade
João Pedro Marques é professor de ginástica para os idosos do Centro de Dia e para os membros da comunidade que frequentam a Sala de Bem-estar por 15 euros por mês. Foi equipada com o Prémio Fidelidade Comunidade, recebido pela organização em 2021 na categoria Envelhecimento. João Pedro ajuda na cozinha, conduz carrinhas e organiza eventos. É com orgulho que fala da Sala de Bem-Estar: “Aqui não há exclusão para ninguém”.
Filomena Figueira, 72 anos, é uma das utentes mais ativas do ginásio. “Gosto de fazer atividades”, diz, enquanto caminha na passadeira e nos mostra um pano bordado por ela.
O padre Marcos Pinto sintetiza assim o espírito de missão: “A Casa São José nasceu da comunidade e para a comunidade. A nossa prioridade é sempre a dignidade da pessoa, independentemente da sua história ou fé.”

“Nós queremos centros de vida”
Como descreve a missão da Casa São José?
A missão é simples: existimos para servir, acrescentando valor.
Qual o alcance da vossa atividade?
Temos o Centro de Dia, com 60 utentes e lista de espera; o Centro Comunitário, com capacidade para 40 pessoas em simultâneo e 93 inscritos; e o Espaço de Apoio Social. A próxima resposta será um polo de transição para os sem abrigo com cinco apartamentos, atelier e lavandaria social, que está em construção.
A sustentabilidade financeira é uma prioridade?
Sim. Criámos a empada da Casa São José com frango doado e temos uma microempresa de catering, entre outros projetos.
E o programa +Solidário?
Apoia famílias em emergência social. Custa 3 a 4 mil euros por mês e é financiado pelas nossas atividades de sustentabilidade.
Que impacto teve o Prémio Fidelidade Comunidade?
Permitiu oferecer no mínimo quatro aulas por semana e abrir o ginásio à população. Já temos 57 utilizadores.
Qual a autonomia financeira atual?
Há cinco anos era 14%. Hoje, já temos uma autonomia de 35%.
E o futuro?
Vamos criar uma ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas com financiamento de 14,3 milhões de euros, com ginásio, piscina coberta e três lojas. A criação de uma ERPI não é para arrumar pessoas que estão sozinhas. Nós queremos centros de vida.
Candidate-se já!
As candidaturas ao prémio Fidelidade Comunidade decorrem até dia 28 de novembro. Saiba tudo no site premio.fidelidadecomunidade.pt.Para mais informações e submeter a sua candidatura do seu projeto, visite premio.fidelidadecomunidade.pt.